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Entramos na casa de Anna Dantes com dez meses e uns 15 minutos de atraso. O elevador parou no quarto andar, a porta pantográfica se abriu e ela nos recebeu com um sorriso: “Que bom que vocês vieram.” Atrás da anfitriã, o apartamento se abria inteiro para a Baía de Guanabara. A paisagem que tento descrever, substantiva e adjetiva, extrapola o enquadramento. Além de oceânica, a vista tem horizonte, morro, tapete verde, casas. Desde o escritório-biblioteca até a sala de almoço, janelas de vários ambientes – pé direito alto, quase sem paredes – mostram o labirinto da existência natural e urbana da capital fluminense: muita beleza, algum desencaixe. Havia uma gostosa luz de inverno. Dos seres invisíveis, pudemos sentir a entrada da brisa boa, um quase vento. A gente apontava o Pão de Açúcar e perguntava se logo ali o que se via era uma porção da Floresta da Tijuca.
Anna vive no alto de uma colina, em Santa Teresa, região central do Rio de Janeiro. É o bairro do histórico bondinho, do Parque das Ruínas, da Chácara do Céu e do Morro da Coroa. Seus vizinhos são Glória, Catete e Laranjeiras.